quinta-feira, 26 de maio de 2011

Psicologia do Desenvolvimento E-Fólio B

Tarefa 1
Pequena Abordagem ao Desenvolvimento Psicológico do Homem

RESUMO: Este pequeno ensaio ambiciona mostrar a dinâmica do desenvolvimento humano ao longo do ciclo de vida. O objectivo é demonstrar como se edifica a estrutura mental do homem, bem como os seus comportamentos, e relacionar esta construção com o meio e os diferentes contextos sociais, culturais, económicos ou geográficos em que habita. Veremos ainda que a adolescência é o ponto nevrálgico de grande parte do processo de desenvolvimento, onde os indivíduos empreendem uma viagem de auto-descoberta para encontrarem a sua identidade e ganharem a sua especificidade e singularidade. Aqui descobriremos a importância do espaço escolar na construção da identidade dos adolescentes.
Este trabalho insere-se na unidade curricular de Psicologia do Desenvolvimento da Licenciatura em Educação da Universidade Aberta, que pretende capacitar futuros técnicos de educação a encontrarem soluções para às problemáticas existentes no plano escolar.  

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento humano; contextos do desenvolvimento; adolescência.

Desde que nasce, o homem enceta um processo de desenvolvimento físico e mental que só termina quando perece. Os complexos e diversos contextos em que se encontra inserido permite-lhe adquirir os princípios orientadores, as características e a identidade que o definem na sociedade. Bronfenbrenner e Morris propõem um modelo bioecológico designado de PPCT: “pessoa, processo, contexto e tempo”, (Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 65) (1), que nos explica parte do fenómeno designado por socialização. Este modelo bioecológico define pessoa como um ser em constante metamorfose que deve ser examinado mediante diversos vectores como « (…) suas convicções, nível de actividade, temperamento, além de suas metas e motivações (…)» (Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 65) (1).  Identifica como processo o agrupamento das ligações entre diversos estádios, ou seja, é onde o indivíduo interage com pessoas, objectos e símbolos. Quanto ao contexto este é o meio ambiente integral em que o sujeito está entranhado. Bronfenbrenner subdivide o meio em vários estratos designando-os de microssistema (interacções em casa, creche, escola), mesossistema (relações em casa, escola, amigos e vizinhança), exosssistema (acontecimentos que influem no desenvolvimento como o local de trabalho dos pais ou a rede de amigos da família) e macrossistemas (agregação de ambientes como a estrutura política e cultural de uma família de um determinado país), cada um com interferências específicas sobre desenvolvimento do indivíduo. Por fim, o quarto elemento do modelo PPCT é o tempo. Os acontecimentos históricos promovem pressões nos indivíduos que influenciam o seu desenvolvimento. «(…) A passagem de tempo em termos históricos tem efeitos profundos em todas as sociedades. (…)» (Bronfenbrenner e Morris, 1998, como citado em Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 66) (1).
O modelo proposto por Bronfenbrenner forneceu à ciência importantes premissas para o planeamento e desenvolvimento de pesquisas e investigações em ambientes naturais. Isto porque sempre reprovou a forma tradicional de estudo do desenvolvimento humano. Para ele as investigações centradas no indivíduo, e analisadas em ambientes fechados e estáticos, não fornecem respostas válidas, porque não levam em consideração as múltiplas influências dos contextos em que os sujeitos vivem. Esta visão foi importante para as novas abordagens utilizadas no estudo do desenvolvimento humano.  
 É elementar, portanto, considerar que o contexto de desenvolvimento do indivíduo se instrui em bases distintas. Desde as características inatas, às recebidas e assimiladas durante a vida, todas condicionam de forma decisiva o comportamento humano. O comportamento é determinado por um vasto e complexo conjunto de estímulos recebidos, para os quais, os indivíduos formulam respostas intrinsecamente aprovadas. Sublinho no entanto o facto de sujeitos nascidos e criados em ambientes aparentemente iguais, desenvolverem diferenças significativas na forma de reagir aos estímulos extrínsecos. Isto acontece porque a interpretação dos factos que nos rodeiam é sempre subjectiva, levando portanto a respostas divergentes. O nosso código de estruturação mental pode, na minha opinião, ser visto como as nossas impressões digitais: único e irrepetível.
O desenvolvimento pode ser dissecado em diversos períodos do ciclo da vida, todos são importantes, todos contribuem para a formação do sujeito. No entanto destaco a fase da adolescência como a mais marcante e decisora. Todos constatamos que genericamente os jovens são instáveis, desordenados, ilógicos, irrequietos e, por consequência inquietos. Se estão excitados perante a vida, tal como um puro-sangue o está antes da corrida, é porque neles crescem as sementes dos futuros empreendimentos, das novas conquistas, dos sacrifícios, das imensas aventuras que a vida proporciona. É no potencial dos jovens que se pode construir um mundo melhor. Podemos caracterizar a adolescência como a fase em que se cresce para adulto (Texto 6, pág. 1) (2). Os desafios a ultrapassar são complexos e determinantes: «(…) a adaptação a uma nova condição biológica, a conquista de uma nova autonomia, o estabelecimento de novas relações interpessoais próximas e duradouras, a progressão académica, entre outros» (Texto 6, pág. 2) (2). Os adolescentes nesta fase abrem-se ao mundo, alargam os grupos de amigos, interagem em clubes, libertam-se mais do seu “ninho”. Este acréscimo de relacionamentos sociais obriga a uma ampla aprendizagem de atitudes, normas e valores. Esta interiorização da cultura e da criação de atitudes e de representações sociais pode definir-se como socialização. «A socialização possibilita o estabelecimento de relações sociais uma vez que se trata do processo de aprendizagem de atitudes, normas e valores próprios de um grupo, por meio do qual se opera a integração social.» (Texto 4, pág. 4) (3).
Os adolescentes têm uma dinâmica de carências de sociabilidade que os trabalhos de Schutz (1960) nos mostram serem necessidades constantes, embora em porções diferentes, ao longo de todo ciclo de vida do ser humano. Assim a sociabilidade do ser humano expressa-se em três necessidades básicas: a necessidade de inclusão, a necessidade de controlo e a necessidade de afecto (Texto 4, pág. 4) (3). Todas imprescindíveis para a necessidade intrínseca de sucesso que os adolescentes possuem. A amplíssima plasticidade inerente aos adolescentes permite-lhes moldar as suas actividades e acções para alcançar a satisfação das necessidades atrás descritas. Uma das tarefas mais vincadas na adolescência é a procura incessante de integração num grupo. «A pertença a um grupo é pois uma tarefa crucial para o adolescente.» (Texto 6, pág. 15) (2). Esta carência advém da necessidade de definição de si próprio. O adolescente atravessa uma intensa fase de auto-conhecimento, onde uma das principais preocupações é sentir-se integrado num grupo. Para que isso aconteça o jovem tem de adequar a sua forma de pensar e agir aos valores relevantes para o grupo. Por vezes terá mesmo que pôr de lado as suas necessidades e valores pessoais, para não ser marginalizado e descriminado. Quando o adolescente consegue a integração, o seu crescimento psicológico sai facilitado e vai «(…) servir como força integradora nos seus esforços para realizar as tarefas de desenvolvimento.» (Texto 6, pág. 16) (2). No sentido inverso, quando o jovem não consegue a integração num grupo social, acaba por desenvolver sentimentos de alienação e isolamento. Este tipo de acontecimentos causa-lhes sentimentos de inibição ou relutância, de vulnerabilidade e confusão, acabando por resultar num afastamento das interacções sociais. «A experiência de alienação, no sentido da solidão e do isolamento, é vivida por muitos adolescentes.» (Texto 6, pág. 16) (2).
Nesta fase do desenvolvimento um dos grupos mais importantes para os adolescentes é o grupo escolar. A escola é espaço onde os jovens passam a maior parte do seu tempo, logo é premente criar condições que lhes propiciem uma rápida integração. A valorização do desenvolvimento das competências interpessoais terá que se impor como um objectivo educativo, «(…) o desenvolvimento interpessoal não deve ser deixado ao acaso (…) a escola enquanto instituição educativa básica deve assumir um papel activo na promoção do desenvolvimento interpessoal dos seus membros e, em particular dos seus alunos.» (Texto 6, pág. 23) (2).
O complexo e multidimensional processo de criação da identidade pessoal, pode ser favorecido com uma eficaz integração do adolescente no grupo. Com o processo de desvinculação dos pais e familiares em desenvolvimento, o adolescente procura um sentido de autonomia que lhe permita imaginar e projectar o seu futuro. Isto provoca mudanças no seu funcionamento cognitivo, que passa a gerar o raciocínio formal. Este raciocínio permite-lhe «(…) repensar criticamente os seus valores, crenças e imagens do mundo anteriormente definidos pelas pessoas a quem estava afectivamente ligado.» (Texto 6, pág. 26) (2). É desta forma que o indivíduo estabelece a base para a construção da sua identidade.
Como já vimos há factores que influenciam decisivamente o desenvolvimento da identidade no indivíduo: individuais, interpessoais e sociais. Todos eles marcantes para a sua identidade. Umas produzem marcas positivas, que facultam aos futuros adultos ferramentas importantes para alcançar sucesso e prestígio social, no entanto, há também muitas ocorrências que são produtoras de estigmas negativos que podem induzir nos indivíduos comportamentos desviantes e agressivos. Esta fragilidade no processo de desenvolvimento da identidade exige de todos os agentes educativos uma grande atenção. A escola como elemento fulcral desta construção individual terá que estimular a correcção dos possíveis casos de insucesso integracional, estimulando e propondo linhas de orientação para todos os adolescentes. 

Tarefa 2
Após uma reflexão introspectiva sobre o meu percurso de trabalho nesta Unidade Curricular, posso concluir que a principal dificuldade que senti face aos trabalhos que nos foram propostos, foi a falta de tempo. Era uma dificuldade expectável, tendo em conta que ser trabalhador-estudante exige um grande esforço pessoal de adaptação a todas as exigências do dia-a-dia. É o meu primeiro ano nestas circunstâncias. A integração a esta nova rotina diária tem sido muito difícil, mas com a ajuda e com o incentivo dos professores e dos colegas, espero levar a bom porto este esforço suplementar. Concretamente nesta U.C., acho muito interessantes os temas e as abordagens que lhes são feitas. Reconheço que esta disciplina me ajuda a identificar e a distinguir as ideias do senso comum das ideias formuladas cientificamente. Algumas das minhas concepções do desenvolvimento humano foram rectificadas graças às investigações que efectuei nesta área do conhecimento. Tomei contacto com as diversas características que se desenvolvem nos diferentes períodos do ciclo da vida do Homem, ficando com a consciência de que para cada período terá que existir uma abordagem diferenciada. Esta noção permite que possa no futuro planificar e estruturar acções educativas de acordo com a fase de desenvolvimento e considerando sempre as necessidades especificas do público-alvo. Num sentido mais lato, a U.C., contribuiu para a minha contínua exploração das potencialidades das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), que são instrumentos de trabalho e de aprendizagem imprescindíveis. Senti ainda um forte incentivo para o trabalho cooperativo através dos trabalhos de grupo que nos foram propostos, além da exigência, sempre presente, de aperfeiçoamento na organização e gestão dos trabalhos e da aprendizagem. Para mim o aspecto mais interessante do meu percurso nesta U.C. foi a aquisição de novas metodologias de trabalho. Com elas aprendi regras básicas e indispensáveis para qualquer aluno. Os fóruns de trabalho são para mim o ponto menos interessante. São pouco entusiasmantes e pouco atractivos. Muitas das participações resumem-se ao “copy e paste”, não estimulam o debate de ideias nem acrescentam mais-valias ao aprendizado. Esta falta de interesse generalizado, produz uma reduzida participação nos mesmos. A metodologia de trabalho e de avaliação é a ideal para este sistema de ensino à distância. A metodologia de trabalho é bastante plural e adaptada ao e-learning. Permite aos alunos um acompanhamento permanente da matéria leccionada. Já no que à avaliação diz respeito, esta é uma parte integrante do processo de aprendizagem, e não me parece que seja aplicada apenas para avaliar os alunos. Aqui é visível uma preocupação crescente por parte dos docentes para entenderem e conhecerem as nossas dificuldades para assim poderem adaptar os seus métodos de ensino às nossas carências. Os fóruns de dúvidas são um exemplo da tentativa contínua de possibilitar o diálogo crítico dos alunos sobre os problemas que enfrentaram ao executar as várias tarefas podendo, desta forma, o docente dissecar e debelar os problemas. Para terminar quero deixar aqui um pequeno apontamento crítico, esta U.C. deveria ter um período lectivo mais alargado pois representa a base que sustenta qualquer actividade educativa. Para nós que pretendemos ser profissionais do sector é muito útil. Ajuda-nos a reflectir e a questionar antes de agir. É uma área exigente e muito complexa que merece mais atenção.
 
  
Bibliografia:
·          (1) Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, A Abordagem Ecológica de Urie Bronfenbrenner em Estudos com Famílias, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         Tavares et al., 2007, Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
·         (3) Texto 4, A Socialização, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (2) Texto 6, Adolescência e identidade, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.

          

terça-feira, 5 de abril de 2011

Psicologia do Desenvolvimento: E-Fólio A

Questão 1. Escolha um dos autores a seguir apresentados. Elabore uma pequena biografia e explique o contributo das suas ideias para a psicologia do desenvolvimento
Referencie, adequadamente, a bibliografia utilizada.
A sua resposta deve ter, no máximo, 600 palavras (independentemente da bibliografia).
Questão 2 . Imagine que está a desempenhar funções de técnico de educação numa instituição. Planifique uma sessão de formação sobre a importância da psicologia do desenvolvimento na educação.
Especifique: a) o tema da sessão; b) os destinatários; c) a duração em tempo; d) os objectivos; e) os recursos que vai utilizar; f) a metodologia de trabalho; g) a sequência (guião) de ideias que vai abordar; h) a bibliografia utilizada.
Na sua resposta deve utilizar, no máximo, 2 páginas A4.

Questão 1. – Jean William Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896 (1). Filho de Arthur Piaget, professor de Literatura Medieval na Universidade de Neuchâtel e de Rebecca Jackson. Na Universidade da sua terra natal estudou Ciências Naturais e na Universidade de Zurique começa a interessar-se pelo estudo da psicologia e psiquiatria. Já em França, em colaboração com Alfred Binet, Piaget enceta a investigação sobre o desenvolvimento intelectual da criança. As suas próprias filhas, Jacqueline, Lucienne e Laurent, foram objecto de um estudo minucioso. Os seus trabalhos no domínio da psicologia cognitiva foram uma referência mundial e influenciaram a forma como passou a ser considerado o modo de estruturação do conhecimento e a constituição dos juízos morais desde a infância (2). Piaget “revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas centradas na observação e em diálogos que estabelecia com as crianças” (Monteiro & Santos, 1995ª: 36, como citado em Tavares et al., 2007, pág. 15) (3). O investigador pretendeu estabelecer cientificamente o processo de construção do conhecimento. Os seus estudos e investigações ajudaram a desenvolver as primeiras abordagens da psicologia com a corrente clássica construtivista. O construtivismo alicerça o objecto de estudo nos mecanismos que os indivíduos empregam para compreender e interagir com o mundo, ou seja, na forma como se estrutura a inteligência. O método de investigação é o clínico, de observação naturalista, que abarcava crianças e adolescentes. Este tipo de observação permite recolher informação verdadeira sem constranger ou limitar a exibição das capacidades das crianças e adolescentes estudados.Sendo que é um método de recolha de informação altamente dependente de quem observa, a observação naturalista deve ser realizada de forma objectiva registando-se exaustivamente os comportamentos tal e qual como ocorrem, sem influência da formação e personalidade de quem observa” (Lima, I. 2006, como citado por Sílvia Mogas, 2009, em Saúde & C.ª) (4). Tendo em consideração que a psicologia do desenvolvimento visa o estudo das várias etapas do ciclo de vida humano, através do desenvolvimento biológico e psíquico que resulta da interacção entre o indivíduo e o meio, desde a vida intra-uterina até à morte, podemos afirmar que as ideias construtivistas de Piaget deram um importante contributo a este ramo da psicologia. Jean Piaget tinha como elemento central do seu estudo a interpretação e compreensão da natureza e evolução do conhecimento, uma perspectiva estruturalista que reconhece nos indivíduos uma herança genética que lhes permite interagir com as experiências vivenciadas no seu dia-a-dia. Esta teoria,”(…) psicobiológica interaccionista (…)”(Tavares et al., 2007, pág. 37) (3), demonstra um processo dinâmico entre o sujeito e o meio, ou seja, existe uma continua adaptação do sujeito ao mundo em que este nunca é um elemento passivo na estruturação da sua própria realidade e conhecimento – construtivismo. Já Darwin sustentava que a vida é um processo de adaptação ininterrupto (Texto 2, pág. 17) (6). Esta concepção construtivista também se declara extremamente útil na construção de uma pedagogia educacional eficaz, assume “ (…) a ideia de que o desenvolvimento intelectual, tal como as aprendizagens, são construídas e elaboradas pelos próprios sujeitos de aprendizagem (…)” (Texto 3, pág. 6) (5). Para Piaget a fase mais importante do desenvolvimento cognitivo ocorre durante a infância e adolescência, pois, para ele, as grandes aquisições mentais acontecem nestes estádios da evolução humana (Tavares et al., 2007, pág. 38) (3). “A infância e a adolescência, (…), permaneceram durante muito tempo como as idades de estudo na psicologia do desenvolvimento.” (Texto 1, pág. 5) (7). No entanto esta concepção redutora da mutabilidade no desenvolvimento cognitivo foi-se dissipando e presentemente reconhece-se que o indivíduo sofre transformações psíquicas durante toda a vida.

Questão 2. – Como instrumento de trabalho a Psicologia do Desenvolvimento pode ter um papel fulcral na educação. O tema que levaria para uma sessão de formação poderia projectar-se sob o epíteto: “ A Importância do Estudo da Estruturação Intelectual dos Alunos”, e possuiria como público-alvo os educadores e docentes do ensino pré-escolar e básico do 1º, 2º e 3º ciclo da rede escolar do meu concelho. O tempo necessário para uma primeira abordagem a um tema tão complexo, interessante e relevante, seria de aproximadamente 60 minutos. O objectivo específico da sessão de formação seria fomentar a reflexão dos educadores e professores para a necessidade efectiva de se consciencializarem da importância da utilização de métodos da Psicologia do Desenvolvimento nas salas de aula, uma vez que esta ciência pode coadjuvar no processo de desenvolvimento psicológico dos alunos, auxiliando a sua integração social e promovendo a sua formação pessoal. Num outro plano, a finalidade seria implementar uma raiz para mais acções de formação sobre o assunto, onde se impulsionariam debates, colóquios e seminários com académicos acreditados nesta área. Para uma eficaz, dinâmica e produtiva apresentação do tema recorreria aos contributos das novas tecnologias da informação e comunicação, como exibições em “PowerPoint” onde se introduziria projecções de mapas conceptuais com as ideias a abordar e textos de apoio ao discurso falado. A metodologia a aplicar estrutura-se na agregação de conceitos e reflexões provenientes de três génios das ciências humanistas: Charles Darwin (1809 - 1882), Jean Piaget (1896 - 1980) e Paul Baltes (1939 - 2006) (8). As ideias a abordar incidiriam nestes três autores, com a sequência anteriormente descrita e com os seguintes pontos de análise e debate: “ (…) As teses de Darwin conduziram a uma alteração fundamental na mentalidade científica no que respeita à infância. (…) As crianças passam a ter interesse científico por si, já que a sua observação e estudo poderia contribuir para esclarecer questões relacionadas com a evolução das espécies e evidenciar a origem de características psicológicas dos adultos” (Texto 1, pág. 4) (7). O trabalho de Darwin forneceu quatro importantes prestações à Psicologia do Desenvolvimento: revelou a continuidade evolutiva dos seres vivos; deu ênfase ao funcionamento da mente; despertou o interesse para as diferenças individuais e ampliou as metodologias de investigação. (Texto 2, pág. 18 - 19) (6). Charles Darwin a advogou a teoria de que a vida não tem uma baliza pré-estabelecida, esta vai evoluindo e crescendo ao sabor dos acontecimentos e do meio, determinando desta forma quais as espécies mais adaptadas para sobreviver e as que acabam por fenecer por falta de ajustamento ao meio em estão incluídas. De seguida seria consumada uma decomposição dos conceitos mais emblemáticos de Piaget. De acordo com este investigador a mente humana “(…) não é uma tábua rasa em que o conhecimento pode ser gravado, nem um espelho que reflecte o que percebe (…)” (Tavares et al., 2007, pág. 116) (3).  A sua teoria de desenvolvimento cognitivo assenta na ideia de que a mente é impulsionada permanentemente a estabelecer um equilíbrio entre a assimilação das experiências do quotidiano e a acomodação das mesmas para apagar incongruências ou falhas entre a realidade e a figuração da mesma. Designa-se este processo por equilibração (Craig, 1996, como citado em Tavares et al., 2007, pág. 117) (3). Piaget divide o desenvolvimento cognitivo em estádios, nestes desagrega os principais comportamentos por idades, destacando assim a ideia de que é necessário o meio educativo adaptar os seus métodos aos atributos físicos e intelectuais dos seus alunos. Podemos destacar as implicações mais relevantes dos conceitos “piagetianos” em quatro vectores: atenção voltada para o modo de pensamento da criança, e não apenas para os seus resultados; reconhecimento da função essencial da auto-iniciativa e da participação activa da criança nas acções de aprendizagem; concepção de que os métodos de ensino não deverão ter como finalidade pôr as crianças a pensar como os adultos e, por último, reconhecer o direito às diferenças individuais na progressão no desenvolvimento (Tavares et al., 2007, pág. 119) (3). Para fechar a sessão de formação abordaria o investigador Paul Baltes que liderou o estudo da psicologia do desenvolvimento durante os vários períodos da vida (Texto 1, pág. 13) (7). Baltes identificou os princípios fundamentais que reconhecem que o desenvolvimento ocorre durante todo o ciclo da vida: o desenvolvimento é vitalício, ou seja, todos somos influenciados pelas experiências do passado e estas também condicionarão o futuro; o desenvolvimento depende da história e do contexto, por outras palavras, todos crescemos sobe determinado tipo de circunstâncias ocasionadas pelo meio e pelo tempo, somos influenciados por estas condições de contexto social e histórico, mas igualmente interagimos com elas, moldando-as e adaptando-as as nossas aspirações e necessidades; o desenvolvimento é multidimensional e multidirecional, dito de outra forma, somos abrangidos por um equilíbrio entre crescimento e declínio durante toda a vida; o desenvolvimento é flexível ou plástico, denomina-se de plasticidade a capacidade de adaptabilidade comportamental humana, podemos desenvolver e aperfeiçoar significativamente capacidades, no entanto o potencial de transformação tem limites (Texto 1, pág. 13-14). Limite também tem a sessão proposta, com temas tão interessantes e complexos é plausível que o tempo definido se venha a anunciar escasso, fomentando o interesse de novas sessões formativas sobre o assunto. Resta esclarecer que a bibliografia que apoia este trabalho é a apontada ao longo do projecto narrado.

Bibliografia:
·         (3) Tavares et al., 2007, Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
·         (7) Texto 1, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (6) Texto 2, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (5) Texto 3, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
Referências Webográficas:
·         (1) http://webspace.ship.edu/cgboer/piaget.html (consultado em: 29.03.2011).
·         (2) http://afilosofia.no.sapo.pt/10piaget.htm (consultado em: 29.03.2011).
·         (2) http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/piaget/biografia.htm (consultado em: 29.03.2011).
·         (4) Lima, I. 2006, como citado por Sílvia Mogas, 2009, em Saúde & C.ª no link: http://saudicompanhia.com/index.php?page=observacao-naturalista-como-metodo-de-avaliacao-da-crianca (consultado em: 30.03.2011).
·         (8) Anita Liberalesso Neri, Temas em Psicologia – 2006, Vol. 14, no 1, 17 -34, disponível em: http://www.sbponline.org.br/revista2/vol14n1/pdf/v14n01a05.pdf (consultado em: 01.04.2011).
  


 




sábado, 26 de março de 2011

Reflexão

O desenvolvimento cognitivo é fruto de um desenvolvimento lento e gradual. Verifica-se ainda o facto de muitos adultos não manifestarem, de forma sistemática, uma grande utilização das suas capacidades metacognitivas.” (Texto 3, Psicologia do Desenvolvimento, UAb, 2011) É evidente que o desenvolvimento intelectual é amplamente influído pela interacção do meio em que o indivíduo está inserido, quanto mais pobre for esta interacção, menos possibilidades existem do sujeito possuir autonomia cognitiva e metacognitiva que lhe permita um crescimento psicológico sustentado. Assim as escolas deverão incrementar uma pedagogia que tenha os seguintes vectores: construtivista; interactiva; motivacional; estimulante de uma perspectiva metacognitiva, promotora de reflexão e auto-análise dos alunos.  

Razão pela qual é importante conhecermos as nossas teorias implícitas sobre o desenvolvimento humano

Porque as nossas teorias implícitas modelam o modo como olhamos tudo o que nos rodeia e a forma como nos confrontamos socialmente. Porque essas teorias assentam numa visão empírica e não científica que contraria os dados da ciência. Ao nos consciencializarmos das nossas teorias implícitas vamos ganhar uma atitude introspectiva e crítica face as nossas concepções enquanto humanos. A partir daqui determinamos as relações que temos connosco próprios e com os outros.
Fonte:  (Texto 3, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011)

Concepções inadequadas do senso comum sobre o desenvolvimento humano

São ideias assentes geralmente em estereótipos e em preconceitos, avaliadas de acordo com crenças e tradições. Existem vários ditos populares que corroboram com a afirmação anterior: “As pessoas nunca são velhas de mais para aprender”, ou “Burro velho não aprende ofício”. Aqui está um exemplo claro da ambiguidade e da contradição que existe nestes dois adágios.
No entanto é este tipo de pensamento desajustado e inadequado que norteia e regula muitas vezes a nossa vida.
Fonte:  (Texto 3, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011)