quinta-feira, 26 de maio de 2011

Psicologia do Desenvolvimento E-Fólio B

Tarefa 1
Pequena Abordagem ao Desenvolvimento Psicológico do Homem

RESUMO: Este pequeno ensaio ambiciona mostrar a dinâmica do desenvolvimento humano ao longo do ciclo de vida. O objectivo é demonstrar como se edifica a estrutura mental do homem, bem como os seus comportamentos, e relacionar esta construção com o meio e os diferentes contextos sociais, culturais, económicos ou geográficos em que habita. Veremos ainda que a adolescência é o ponto nevrálgico de grande parte do processo de desenvolvimento, onde os indivíduos empreendem uma viagem de auto-descoberta para encontrarem a sua identidade e ganharem a sua especificidade e singularidade. Aqui descobriremos a importância do espaço escolar na construção da identidade dos adolescentes.
Este trabalho insere-se na unidade curricular de Psicologia do Desenvolvimento da Licenciatura em Educação da Universidade Aberta, que pretende capacitar futuros técnicos de educação a encontrarem soluções para às problemáticas existentes no plano escolar.  

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento humano; contextos do desenvolvimento; adolescência.

Desde que nasce, o homem enceta um processo de desenvolvimento físico e mental que só termina quando perece. Os complexos e diversos contextos em que se encontra inserido permite-lhe adquirir os princípios orientadores, as características e a identidade que o definem na sociedade. Bronfenbrenner e Morris propõem um modelo bioecológico designado de PPCT: “pessoa, processo, contexto e tempo”, (Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 65) (1), que nos explica parte do fenómeno designado por socialização. Este modelo bioecológico define pessoa como um ser em constante metamorfose que deve ser examinado mediante diversos vectores como « (…) suas convicções, nível de actividade, temperamento, além de suas metas e motivações (…)» (Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 65) (1).  Identifica como processo o agrupamento das ligações entre diversos estádios, ou seja, é onde o indivíduo interage com pessoas, objectos e símbolos. Quanto ao contexto este é o meio ambiente integral em que o sujeito está entranhado. Bronfenbrenner subdivide o meio em vários estratos designando-os de microssistema (interacções em casa, creche, escola), mesossistema (relações em casa, escola, amigos e vizinhança), exosssistema (acontecimentos que influem no desenvolvimento como o local de trabalho dos pais ou a rede de amigos da família) e macrossistemas (agregação de ambientes como a estrutura política e cultural de uma família de um determinado país), cada um com interferências específicas sobre desenvolvimento do indivíduo. Por fim, o quarto elemento do modelo PPCT é o tempo. Os acontecimentos históricos promovem pressões nos indivíduos que influenciam o seu desenvolvimento. «(…) A passagem de tempo em termos históricos tem efeitos profundos em todas as sociedades. (…)» (Bronfenbrenner e Morris, 1998, como citado em Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, pág. 66) (1).
O modelo proposto por Bronfenbrenner forneceu à ciência importantes premissas para o planeamento e desenvolvimento de pesquisas e investigações em ambientes naturais. Isto porque sempre reprovou a forma tradicional de estudo do desenvolvimento humano. Para ele as investigações centradas no indivíduo, e analisadas em ambientes fechados e estáticos, não fornecem respostas válidas, porque não levam em consideração as múltiplas influências dos contextos em que os sujeitos vivem. Esta visão foi importante para as novas abordagens utilizadas no estudo do desenvolvimento humano.  
 É elementar, portanto, considerar que o contexto de desenvolvimento do indivíduo se instrui em bases distintas. Desde as características inatas, às recebidas e assimiladas durante a vida, todas condicionam de forma decisiva o comportamento humano. O comportamento é determinado por um vasto e complexo conjunto de estímulos recebidos, para os quais, os indivíduos formulam respostas intrinsecamente aprovadas. Sublinho no entanto o facto de sujeitos nascidos e criados em ambientes aparentemente iguais, desenvolverem diferenças significativas na forma de reagir aos estímulos extrínsecos. Isto acontece porque a interpretação dos factos que nos rodeiam é sempre subjectiva, levando portanto a respostas divergentes. O nosso código de estruturação mental pode, na minha opinião, ser visto como as nossas impressões digitais: único e irrepetível.
O desenvolvimento pode ser dissecado em diversos períodos do ciclo da vida, todos são importantes, todos contribuem para a formação do sujeito. No entanto destaco a fase da adolescência como a mais marcante e decisora. Todos constatamos que genericamente os jovens são instáveis, desordenados, ilógicos, irrequietos e, por consequência inquietos. Se estão excitados perante a vida, tal como um puro-sangue o está antes da corrida, é porque neles crescem as sementes dos futuros empreendimentos, das novas conquistas, dos sacrifícios, das imensas aventuras que a vida proporciona. É no potencial dos jovens que se pode construir um mundo melhor. Podemos caracterizar a adolescência como a fase em que se cresce para adulto (Texto 6, pág. 1) (2). Os desafios a ultrapassar são complexos e determinantes: «(…) a adaptação a uma nova condição biológica, a conquista de uma nova autonomia, o estabelecimento de novas relações interpessoais próximas e duradouras, a progressão académica, entre outros» (Texto 6, pág. 2) (2). Os adolescentes nesta fase abrem-se ao mundo, alargam os grupos de amigos, interagem em clubes, libertam-se mais do seu “ninho”. Este acréscimo de relacionamentos sociais obriga a uma ampla aprendizagem de atitudes, normas e valores. Esta interiorização da cultura e da criação de atitudes e de representações sociais pode definir-se como socialização. «A socialização possibilita o estabelecimento de relações sociais uma vez que se trata do processo de aprendizagem de atitudes, normas e valores próprios de um grupo, por meio do qual se opera a integração social.» (Texto 4, pág. 4) (3).
Os adolescentes têm uma dinâmica de carências de sociabilidade que os trabalhos de Schutz (1960) nos mostram serem necessidades constantes, embora em porções diferentes, ao longo de todo ciclo de vida do ser humano. Assim a sociabilidade do ser humano expressa-se em três necessidades básicas: a necessidade de inclusão, a necessidade de controlo e a necessidade de afecto (Texto 4, pág. 4) (3). Todas imprescindíveis para a necessidade intrínseca de sucesso que os adolescentes possuem. A amplíssima plasticidade inerente aos adolescentes permite-lhes moldar as suas actividades e acções para alcançar a satisfação das necessidades atrás descritas. Uma das tarefas mais vincadas na adolescência é a procura incessante de integração num grupo. «A pertença a um grupo é pois uma tarefa crucial para o adolescente.» (Texto 6, pág. 15) (2). Esta carência advém da necessidade de definição de si próprio. O adolescente atravessa uma intensa fase de auto-conhecimento, onde uma das principais preocupações é sentir-se integrado num grupo. Para que isso aconteça o jovem tem de adequar a sua forma de pensar e agir aos valores relevantes para o grupo. Por vezes terá mesmo que pôr de lado as suas necessidades e valores pessoais, para não ser marginalizado e descriminado. Quando o adolescente consegue a integração, o seu crescimento psicológico sai facilitado e vai «(…) servir como força integradora nos seus esforços para realizar as tarefas de desenvolvimento.» (Texto 6, pág. 16) (2). No sentido inverso, quando o jovem não consegue a integração num grupo social, acaba por desenvolver sentimentos de alienação e isolamento. Este tipo de acontecimentos causa-lhes sentimentos de inibição ou relutância, de vulnerabilidade e confusão, acabando por resultar num afastamento das interacções sociais. «A experiência de alienação, no sentido da solidão e do isolamento, é vivida por muitos adolescentes.» (Texto 6, pág. 16) (2).
Nesta fase do desenvolvimento um dos grupos mais importantes para os adolescentes é o grupo escolar. A escola é espaço onde os jovens passam a maior parte do seu tempo, logo é premente criar condições que lhes propiciem uma rápida integração. A valorização do desenvolvimento das competências interpessoais terá que se impor como um objectivo educativo, «(…) o desenvolvimento interpessoal não deve ser deixado ao acaso (…) a escola enquanto instituição educativa básica deve assumir um papel activo na promoção do desenvolvimento interpessoal dos seus membros e, em particular dos seus alunos.» (Texto 6, pág. 23) (2).
O complexo e multidimensional processo de criação da identidade pessoal, pode ser favorecido com uma eficaz integração do adolescente no grupo. Com o processo de desvinculação dos pais e familiares em desenvolvimento, o adolescente procura um sentido de autonomia que lhe permita imaginar e projectar o seu futuro. Isto provoca mudanças no seu funcionamento cognitivo, que passa a gerar o raciocínio formal. Este raciocínio permite-lhe «(…) repensar criticamente os seus valores, crenças e imagens do mundo anteriormente definidos pelas pessoas a quem estava afectivamente ligado.» (Texto 6, pág. 26) (2). É desta forma que o indivíduo estabelece a base para a construção da sua identidade.
Como já vimos há factores que influenciam decisivamente o desenvolvimento da identidade no indivíduo: individuais, interpessoais e sociais. Todos eles marcantes para a sua identidade. Umas produzem marcas positivas, que facultam aos futuros adultos ferramentas importantes para alcançar sucesso e prestígio social, no entanto, há também muitas ocorrências que são produtoras de estigmas negativos que podem induzir nos indivíduos comportamentos desviantes e agressivos. Esta fragilidade no processo de desenvolvimento da identidade exige de todos os agentes educativos uma grande atenção. A escola como elemento fulcral desta construção individual terá que estimular a correcção dos possíveis casos de insucesso integracional, estimulando e propondo linhas de orientação para todos os adolescentes. 

Tarefa 2
Após uma reflexão introspectiva sobre o meu percurso de trabalho nesta Unidade Curricular, posso concluir que a principal dificuldade que senti face aos trabalhos que nos foram propostos, foi a falta de tempo. Era uma dificuldade expectável, tendo em conta que ser trabalhador-estudante exige um grande esforço pessoal de adaptação a todas as exigências do dia-a-dia. É o meu primeiro ano nestas circunstâncias. A integração a esta nova rotina diária tem sido muito difícil, mas com a ajuda e com o incentivo dos professores e dos colegas, espero levar a bom porto este esforço suplementar. Concretamente nesta U.C., acho muito interessantes os temas e as abordagens que lhes são feitas. Reconheço que esta disciplina me ajuda a identificar e a distinguir as ideias do senso comum das ideias formuladas cientificamente. Algumas das minhas concepções do desenvolvimento humano foram rectificadas graças às investigações que efectuei nesta área do conhecimento. Tomei contacto com as diversas características que se desenvolvem nos diferentes períodos do ciclo da vida do Homem, ficando com a consciência de que para cada período terá que existir uma abordagem diferenciada. Esta noção permite que possa no futuro planificar e estruturar acções educativas de acordo com a fase de desenvolvimento e considerando sempre as necessidades especificas do público-alvo. Num sentido mais lato, a U.C., contribuiu para a minha contínua exploração das potencialidades das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), que são instrumentos de trabalho e de aprendizagem imprescindíveis. Senti ainda um forte incentivo para o trabalho cooperativo através dos trabalhos de grupo que nos foram propostos, além da exigência, sempre presente, de aperfeiçoamento na organização e gestão dos trabalhos e da aprendizagem. Para mim o aspecto mais interessante do meu percurso nesta U.C. foi a aquisição de novas metodologias de trabalho. Com elas aprendi regras básicas e indispensáveis para qualquer aluno. Os fóruns de trabalho são para mim o ponto menos interessante. São pouco entusiasmantes e pouco atractivos. Muitas das participações resumem-se ao “copy e paste”, não estimulam o debate de ideias nem acrescentam mais-valias ao aprendizado. Esta falta de interesse generalizado, produz uma reduzida participação nos mesmos. A metodologia de trabalho e de avaliação é a ideal para este sistema de ensino à distância. A metodologia de trabalho é bastante plural e adaptada ao e-learning. Permite aos alunos um acompanhamento permanente da matéria leccionada. Já no que à avaliação diz respeito, esta é uma parte integrante do processo de aprendizagem, e não me parece que seja aplicada apenas para avaliar os alunos. Aqui é visível uma preocupação crescente por parte dos docentes para entenderem e conhecerem as nossas dificuldades para assim poderem adaptar os seus métodos de ensino às nossas carências. Os fóruns de dúvidas são um exemplo da tentativa contínua de possibilitar o diálogo crítico dos alunos sobre os problemas que enfrentaram ao executar as várias tarefas podendo, desta forma, o docente dissecar e debelar os problemas. Para terminar quero deixar aqui um pequeno apontamento crítico, esta U.C. deveria ter um período lectivo mais alargado pois representa a base que sustenta qualquer actividade educativa. Para nós que pretendemos ser profissionais do sector é muito útil. Ajuda-nos a reflectir e a questionar antes de agir. É uma área exigente e muito complexa que merece mais atenção.
 
  
Bibliografia:
·          (1) Edna Martins e Heloisa Szymanski, 2004, A Abordagem Ecológica de Urie Bronfenbrenner em Estudos com Famílias, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         Tavares et al., 2007, Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
·         (3) Texto 4, A Socialização, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (2) Texto 6, Adolescência e identidade, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.