terça-feira, 5 de abril de 2011

Psicologia do Desenvolvimento: E-Fólio A

Questão 1. Escolha um dos autores a seguir apresentados. Elabore uma pequena biografia e explique o contributo das suas ideias para a psicologia do desenvolvimento
Referencie, adequadamente, a bibliografia utilizada.
A sua resposta deve ter, no máximo, 600 palavras (independentemente da bibliografia).
Questão 2 . Imagine que está a desempenhar funções de técnico de educação numa instituição. Planifique uma sessão de formação sobre a importância da psicologia do desenvolvimento na educação.
Especifique: a) o tema da sessão; b) os destinatários; c) a duração em tempo; d) os objectivos; e) os recursos que vai utilizar; f) a metodologia de trabalho; g) a sequência (guião) de ideias que vai abordar; h) a bibliografia utilizada.
Na sua resposta deve utilizar, no máximo, 2 páginas A4.

Questão 1. – Jean William Fritz Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça, em 1896 (1). Filho de Arthur Piaget, professor de Literatura Medieval na Universidade de Neuchâtel e de Rebecca Jackson. Na Universidade da sua terra natal estudou Ciências Naturais e na Universidade de Zurique começa a interessar-se pelo estudo da psicologia e psiquiatria. Já em França, em colaboração com Alfred Binet, Piaget enceta a investigação sobre o desenvolvimento intelectual da criança. As suas próprias filhas, Jacqueline, Lucienne e Laurent, foram objecto de um estudo minucioso. Os seus trabalhos no domínio da psicologia cognitiva foram uma referência mundial e influenciaram a forma como passou a ser considerado o modo de estruturação do conhecimento e a constituição dos juízos morais desde a infância (2). Piaget “revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo partindo de pesquisas centradas na observação e em diálogos que estabelecia com as crianças” (Monteiro & Santos, 1995ª: 36, como citado em Tavares et al., 2007, pág. 15) (3). O investigador pretendeu estabelecer cientificamente o processo de construção do conhecimento. Os seus estudos e investigações ajudaram a desenvolver as primeiras abordagens da psicologia com a corrente clássica construtivista. O construtivismo alicerça o objecto de estudo nos mecanismos que os indivíduos empregam para compreender e interagir com o mundo, ou seja, na forma como se estrutura a inteligência. O método de investigação é o clínico, de observação naturalista, que abarcava crianças e adolescentes. Este tipo de observação permite recolher informação verdadeira sem constranger ou limitar a exibição das capacidades das crianças e adolescentes estudados.Sendo que é um método de recolha de informação altamente dependente de quem observa, a observação naturalista deve ser realizada de forma objectiva registando-se exaustivamente os comportamentos tal e qual como ocorrem, sem influência da formação e personalidade de quem observa” (Lima, I. 2006, como citado por Sílvia Mogas, 2009, em Saúde & C.ª) (4). Tendo em consideração que a psicologia do desenvolvimento visa o estudo das várias etapas do ciclo de vida humano, através do desenvolvimento biológico e psíquico que resulta da interacção entre o indivíduo e o meio, desde a vida intra-uterina até à morte, podemos afirmar que as ideias construtivistas de Piaget deram um importante contributo a este ramo da psicologia. Jean Piaget tinha como elemento central do seu estudo a interpretação e compreensão da natureza e evolução do conhecimento, uma perspectiva estruturalista que reconhece nos indivíduos uma herança genética que lhes permite interagir com as experiências vivenciadas no seu dia-a-dia. Esta teoria,”(…) psicobiológica interaccionista (…)”(Tavares et al., 2007, pág. 37) (3), demonstra um processo dinâmico entre o sujeito e o meio, ou seja, existe uma continua adaptação do sujeito ao mundo em que este nunca é um elemento passivo na estruturação da sua própria realidade e conhecimento – construtivismo. Já Darwin sustentava que a vida é um processo de adaptação ininterrupto (Texto 2, pág. 17) (6). Esta concepção construtivista também se declara extremamente útil na construção de uma pedagogia educacional eficaz, assume “ (…) a ideia de que o desenvolvimento intelectual, tal como as aprendizagens, são construídas e elaboradas pelos próprios sujeitos de aprendizagem (…)” (Texto 3, pág. 6) (5). Para Piaget a fase mais importante do desenvolvimento cognitivo ocorre durante a infância e adolescência, pois, para ele, as grandes aquisições mentais acontecem nestes estádios da evolução humana (Tavares et al., 2007, pág. 38) (3). “A infância e a adolescência, (…), permaneceram durante muito tempo como as idades de estudo na psicologia do desenvolvimento.” (Texto 1, pág. 5) (7). No entanto esta concepção redutora da mutabilidade no desenvolvimento cognitivo foi-se dissipando e presentemente reconhece-se que o indivíduo sofre transformações psíquicas durante toda a vida.

Questão 2. – Como instrumento de trabalho a Psicologia do Desenvolvimento pode ter um papel fulcral na educação. O tema que levaria para uma sessão de formação poderia projectar-se sob o epíteto: “ A Importância do Estudo da Estruturação Intelectual dos Alunos”, e possuiria como público-alvo os educadores e docentes do ensino pré-escolar e básico do 1º, 2º e 3º ciclo da rede escolar do meu concelho. O tempo necessário para uma primeira abordagem a um tema tão complexo, interessante e relevante, seria de aproximadamente 60 minutos. O objectivo específico da sessão de formação seria fomentar a reflexão dos educadores e professores para a necessidade efectiva de se consciencializarem da importância da utilização de métodos da Psicologia do Desenvolvimento nas salas de aula, uma vez que esta ciência pode coadjuvar no processo de desenvolvimento psicológico dos alunos, auxiliando a sua integração social e promovendo a sua formação pessoal. Num outro plano, a finalidade seria implementar uma raiz para mais acções de formação sobre o assunto, onde se impulsionariam debates, colóquios e seminários com académicos acreditados nesta área. Para uma eficaz, dinâmica e produtiva apresentação do tema recorreria aos contributos das novas tecnologias da informação e comunicação, como exibições em “PowerPoint” onde se introduziria projecções de mapas conceptuais com as ideias a abordar e textos de apoio ao discurso falado. A metodologia a aplicar estrutura-se na agregação de conceitos e reflexões provenientes de três génios das ciências humanistas: Charles Darwin (1809 - 1882), Jean Piaget (1896 - 1980) e Paul Baltes (1939 - 2006) (8). As ideias a abordar incidiriam nestes três autores, com a sequência anteriormente descrita e com os seguintes pontos de análise e debate: “ (…) As teses de Darwin conduziram a uma alteração fundamental na mentalidade científica no que respeita à infância. (…) As crianças passam a ter interesse científico por si, já que a sua observação e estudo poderia contribuir para esclarecer questões relacionadas com a evolução das espécies e evidenciar a origem de características psicológicas dos adultos” (Texto 1, pág. 4) (7). O trabalho de Darwin forneceu quatro importantes prestações à Psicologia do Desenvolvimento: revelou a continuidade evolutiva dos seres vivos; deu ênfase ao funcionamento da mente; despertou o interesse para as diferenças individuais e ampliou as metodologias de investigação. (Texto 2, pág. 18 - 19) (6). Charles Darwin a advogou a teoria de que a vida não tem uma baliza pré-estabelecida, esta vai evoluindo e crescendo ao sabor dos acontecimentos e do meio, determinando desta forma quais as espécies mais adaptadas para sobreviver e as que acabam por fenecer por falta de ajustamento ao meio em estão incluídas. De seguida seria consumada uma decomposição dos conceitos mais emblemáticos de Piaget. De acordo com este investigador a mente humana “(…) não é uma tábua rasa em que o conhecimento pode ser gravado, nem um espelho que reflecte o que percebe (…)” (Tavares et al., 2007, pág. 116) (3).  A sua teoria de desenvolvimento cognitivo assenta na ideia de que a mente é impulsionada permanentemente a estabelecer um equilíbrio entre a assimilação das experiências do quotidiano e a acomodação das mesmas para apagar incongruências ou falhas entre a realidade e a figuração da mesma. Designa-se este processo por equilibração (Craig, 1996, como citado em Tavares et al., 2007, pág. 117) (3). Piaget divide o desenvolvimento cognitivo em estádios, nestes desagrega os principais comportamentos por idades, destacando assim a ideia de que é necessário o meio educativo adaptar os seus métodos aos atributos físicos e intelectuais dos seus alunos. Podemos destacar as implicações mais relevantes dos conceitos “piagetianos” em quatro vectores: atenção voltada para o modo de pensamento da criança, e não apenas para os seus resultados; reconhecimento da função essencial da auto-iniciativa e da participação activa da criança nas acções de aprendizagem; concepção de que os métodos de ensino não deverão ter como finalidade pôr as crianças a pensar como os adultos e, por último, reconhecer o direito às diferenças individuais na progressão no desenvolvimento (Tavares et al., 2007, pág. 119) (3). Para fechar a sessão de formação abordaria o investigador Paul Baltes que liderou o estudo da psicologia do desenvolvimento durante os vários períodos da vida (Texto 1, pág. 13) (7). Baltes identificou os princípios fundamentais que reconhecem que o desenvolvimento ocorre durante todo o ciclo da vida: o desenvolvimento é vitalício, ou seja, todos somos influenciados pelas experiências do passado e estas também condicionarão o futuro; o desenvolvimento depende da história e do contexto, por outras palavras, todos crescemos sobe determinado tipo de circunstâncias ocasionadas pelo meio e pelo tempo, somos influenciados por estas condições de contexto social e histórico, mas igualmente interagimos com elas, moldando-as e adaptando-as as nossas aspirações e necessidades; o desenvolvimento é multidimensional e multidirecional, dito de outra forma, somos abrangidos por um equilíbrio entre crescimento e declínio durante toda a vida; o desenvolvimento é flexível ou plástico, denomina-se de plasticidade a capacidade de adaptabilidade comportamental humana, podemos desenvolver e aperfeiçoar significativamente capacidades, no entanto o potencial de transformação tem limites (Texto 1, pág. 13-14). Limite também tem a sessão proposta, com temas tão interessantes e complexos é plausível que o tempo definido se venha a anunciar escasso, fomentando o interesse de novas sessões formativas sobre o assunto. Resta esclarecer que a bibliografia que apoia este trabalho é a apontada ao longo do projecto narrado.

Bibliografia:
·         (3) Tavares et al., 2007, Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Porto: Porto Editora.
·         (7) Texto 1, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (6) Texto 2, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
·         (5) Texto 3, Educação e psicologia do desenvolvimento, Universidade Aberta, 2011, disponibilizado na plataforma da U. C. Psicologia do Desenvolvimento.
Referências Webográficas:
·         (1) http://webspace.ship.edu/cgboer/piaget.html (consultado em: 29.03.2011).
·         (2) http://afilosofia.no.sapo.pt/10piaget.htm (consultado em: 29.03.2011).
·         (2) http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/seminario/piaget/biografia.htm (consultado em: 29.03.2011).
·         (4) Lima, I. 2006, como citado por Sílvia Mogas, 2009, em Saúde & C.ª no link: http://saudicompanhia.com/index.php?page=observacao-naturalista-como-metodo-de-avaliacao-da-crianca (consultado em: 30.03.2011).
·         (8) Anita Liberalesso Neri, Temas em Psicologia – 2006, Vol. 14, no 1, 17 -34, disponível em: http://www.sbponline.org.br/revista2/vol14n1/pdf/v14n01a05.pdf (consultado em: 01.04.2011).